terça-feira, 7 de abril de 2020

Série Seres do acaso

A exuberância das cores entre as quais se detecta uma presença sublime, mas que não se pode decifrar completamente.
A friburguense, dona de uma recente carreira, porém já com uma instigante forma de pintar, cria atmosferas irreais que se revelam em certo desassossego para o espectador, entre os personagens, as paisagens, os ângulos e o espaço-tempo, que ela altera a cada tela.

Em seu processo criativo, transita entre a fotografia, a instalação escultórica e, atualmente com mais afinco, a pintura a óleo — técnica que domina com especial destreza e que nos remete a maneira de pintar com tinta espessa, encontradas também nas telas de Rodrigo Andrade, Vania Mignone entre muitos artistas jovens que retomaram a pintura.

Em seu pincel, a tinta ganha corpo e volumes, que dão vida a fauna e a flora que circundam seu universo fantástico que tem a floresta como fundo. 

Nesse mundo tão particular concebido por Sani Guerra, mergulhamos em sua linguagem fragmentada de memórias e referências quase em queda livre. Por isso, não busque por verossimilhanças. Ainda mais em sua nova série. Nela, a artista foi além, colocando uma pitada a mais de mistério nas cenas e histórias que origina. Se antes as figuras não se encaixavam nos cenários pelo cartesianismo de nosso raciocínio, agora elas parecem flutuar, podendo ser tudo, todos ou até a ausência dos mesmos. Por baixo dos véus soltos em um jardim transformado pelas cerdas de Sani em opulentas floresta, podem viver seres mágicos também. E nesse cenário encantado qualquer imagem se torna possível. (Ana Carolina Ralston)



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